Roupa comunica?
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Vamos começar nossa conversa de hoje com uma curiosidade bem expressiva. Você sabia que existem sete mil idiomas no mundo? Sim!! Mais precisamente 7.111 línguas vivas ao redor do mundo, idiomas que são falados e ensinados ainda hoje! O mais louco disso, é que a roupa é uma linguagem e uma linguagem universal, que acaba transcendendo fronteiras e até mesmo culturas!
Pra ilustrar isso, trazemos a Aimer, uma cantora pop japonesa de 33 anos que tem uma voz bem delicada e ao mesmo tempo melancólica (uma Billie Eilish japonesa).
Talvez você seja como nós e não tenha a menor ideia de como fala: "que look maravilhoso!" em japonês. Mas, ainda sem falar a língua dela a gente consegue compreender o que a roupa dela tá comunicando.
Nesse look a gente vê um lado mais dark acompanhado de uma suavidade. A gente vê suavidade no óculos, no tule, na franjinha do cabelo. Mas, também vemos que não há só doçura, afinal a cor preta traz um lado mais forte e os braceletes mais estruturados também revelam um lado mais urbano e pesado.
A escolha dela nessa roupa comunica sobre a identidade dela, seu estilo pessoal, status social e até o estado de espírito, e pra isso a gente não precisa falar japonês.
A gente gostando da ideia ou não, cada peça que escolhemos vestir envia uma mensagem ao mundo a nosso redor e ninguém precisa falar a nossa língua pra sacar o que queremos transmitir por meio da roupa.
E nossa roupa é muito mais do que tecido, é uma forma poderosa de expressão e comunicação.
Pra quem quiser aprofundar nessa conversa, convidamos pra escutar nosso episódio de número 31 (Iris Apfel, a nossa rainha de estilo).
E pra continuar esse assunto da roupa que comunica, selecionamos 4 peças pra gente debater um pouquinho sobre elas.
Peça 01: camiseta cogumelo - Mabô
A Fla escolheu essa camiseta de cogumelo, 100% algodão, com detalhes bordados totalmente à mão, uma golinha de ribana vermelha e detalhe de crochê nas mangas que trazem um super diferencial pra t-shirt. A camiseta é da marca Mabô, uma marca carioca, idealizada pela mineira Hilmara Botti, que tem como diferencial os bordados e as pinturas à mão que dão vida a peças divertidas e expressivas.
Essa peça em especial, comunica divertimento, casualidade, originalidade e espontaneidade. Tá bem longe do estilo da Fla (bem mais a cara da Mari), apesar do cogumelo agora expressar sua filosofia de vida vegana. Mas, pra Fla deixar o look a cara dela com essa camiseta, possivelmente ela combinaria com a sua saia de paetê preta - que foi palco da nossa última newsletter (já leu?).
tamanhos P, M, G - R$ 397,00
PS: só compre se fizer seu olho brilhar e já souber como usar ela, senão é dinheiro jogado fora, hein?
Peça 02: kimono - Emi
A segunda peça escolhida pela Fla, pra compor a nossa seleção de peças dessa news, foi esse kimono em seda.
A seda é uma fibra perfeita pra quem sente muito calor, pois ela é extremamente fresquinha. Sabendo cuidar bem da peça ela vai durar uma vida. É daquelas que você vai poder passar pra frente, pras filhas, sobrinhas, amigas. O inconveniente é que exige um cuidado a mais na hora de fazer a higienização. O ideal é lavar a seco, o que talvez exija uma ida na lavanderia com mais frequência. Mas, a gente sempre pode dar um jeitinho e lavar com água mesmo e na mão, de uma maneira bem, mas bem delicada.
Ah, a Emi também é uma marca carioca, é mais focada em moda praia, mas tem o diferencial de adotar práticas sustentáveis em seu processo produtivo. As estampas são pintadas a mão e os tecidos são biodegradáveis.
Esse kimono em especial passa uma imagem mais sofisticada, por conta do material, da mistura das cores, da estampa. A Fla conseguiria usar ele de duzentas mil formas haha. Cês sabem que ela faz coisa com um vestido, né? Transforma em saia, em blusa, usa de mil maneiras. Com esse quimono então ela iria pintar e bordar! Um dos primeiros usos seria com calça jeans clara, regata branca, tênis de corrida azul e o quimono abertão como uma terceira peça. Conseguem visualizar?
tamanhos P, M, G - R$ 599,40
PS: só compre se fizer seu olho brilhar e fizer sentido pro seu dia a dia, senão é dinheiro jogado fora, hein?
Peça 03: blazer veludo - Renner
A Mari achou uma peça linda, mas ultimamente não consegue usar mais blazer.
Primeiro porque ele tem ombreiras ( e pro estilo dela e pra silhueta dela atual, hoje, não tem rolado). Mas tem brilho, é de veludo, que é um upgrade pra um blazer, com certeza. Mas claro, também é uma peça pra outono/inverno, já que é 95% de poliéster, mas blazer, de veludo, no verão é que não ia rolar.
Esse blazer comunica sofisticação, sobriedade com um quê de glamour, por conta do brilho. A Mari se fosse usar, seria obviamente com uma camiseta (de banda de preferência, ou qualquer outra com mais cara de nerd, pra dar uma quebrada), afinal, ele tem brilho. A parte de baixo, poderia ser com uma calça, das que ela gosta mais, tipo balão. (o balonê tá voltando!)
tamanhos: 36, 38, 40, 42, 44 - R$359,90
Peça 03: meia paêtes - Joulik
A Mari sempre amou paetês, em algum momento passou a usar menos, mas ainda assim o olho brilha, e sim, tem sentido falta. Acha que algumas coisas, talvez sejam muito pro estilo dela, então, por quê não uma meia?
Essa é lindinha demais, aparece ali o tanto certo na bota/coturno.
Essa meia passa um estilo meio urbano, meio rock n’roll, uma coisa assim, até meio lúdica. Cabe fácil no estilo da Mari, e dá um tchan em qualquer look. Lembrando que detalhes fazem muito pela intencionalidade de um look, viu? E a intenção no vestir é peça chave pra aprender a se vestir!
A Joulik foi criada em 2009, por duas irmãs paulistas, e tem nas peças bordadas à mão sua marca registrada. Todas as peças são bordadas por costureiras, a mão! As estilistas propõem peças atemporais com influência do movimento art déco/artsy/rocker e acreditam que o paête não precisa ser somente sinônimo de festa, mas sim um motivo para brilhar a qualquer momento do dia. Elas já fizeram uma collab com a C&A, e a Mari tinha duas peças que amava!
A Mari usaria com coturno, e um vestido preto que ela tem, longo. Ou com calça e camiseta.
tamanhos: único - R$129,90
Caso de cliente:
Era uma vez uma moça de quase 30 anos, que ficava indignada porque todos a sua volta a tratavam (em especial no trabalho) como uma adolescente.
Na primeira sessão, ela estava vestida com uma calça skinny, tênis Vans branco, e uma camiseta baby look (quem lembra desse modelo?) com um urso estampado. Ao perguntar como ela se vestia, no trabalho (que era a questão maior dela), ela falou que ia daquele jeito ali. De cara, já vi que essa era a razão. Como passar credibilidade, sem perder o seu estilo de ser? Mais jovial, alegre, e não ser chamada de adolescente?
Trabalhamos com ela, que algumas coisas não poderiam ser usadas juntas, ou sempre iriam comunicar uma "jovialidade e inocência” que ela não estava querendo transmitir mais. Assim, a consultoria conseguiu ajustar essa comunicação, para uma forma mais sóbria, e formal, que desse o “ar” de mais adulta.
Ela não queria roupas muito formais, mais alfaiataria, mesmo eu tendo falado, que talvez fosse a melhor forma de compor com as outras peças.
Trouxemos algumas opções como jeans com camiseta de banda (e não de um ursinho fofinho), ou calça skinny, mas rasgada, um sapato mais pesado ou salto não muito alto, ou outro tipo de camiseta (com corte básico, mais masculina, talvez), ou um tipo diferente de jeans, como a pantacourt ou pantalona. Isso tudo com acessórios (no caso dela, a bolsa somente), com cara mais de adulta, ou seja, mais sóbria, preta, de couro, com modelo mais moderno e mais estruturado.
Assim, ela já conseguiu deixar de passar o “ar” de adolescente, e entender porque passava isso, e claro, conseguiu ser vista de outra forma, ainda trazendo jovialidade, e descontração no seu look, que são parte essencial no estilo dela.
Se você quiser entender o que é essencial pro seu estilo você pode investir em uma consultoria. Vamos identificar os elementos essenciais do seu vestir e associar eles ao seu dia a dia e a imagem que deseja transmitir no seu trabalho. A consultoria é um investimento que potencializa a sua confiança e a sua presença pessoal e profissional.
Livro: Jane Eyre - Charlotte Brontë
Considerado um dos maiores romances de língua inglesa, este livro acompanha o amadurecimento de Jane Eyre, uma personagem questionadora e carismática que deixou sua marca na literatura. Após tornar-se órfã e, ainda na infância, passa a viver na casa da tia enfrentando as mais difíceis privações. Jane fica anos em um internato, onde recebe educação e, posteriormente, um emprego. Contrariando o que se esperava de uma mulher na época, a protagonista busca novos desafios e se torna governanta de Miss Adèle, protegida de Mr. Rochester. Entre Jane e o novo patrão nasce uma paixão arrebatadora, obscurecida, no entanto, por um grave segredo que ele carrega. Publicado pela primeira vez em 1847, Jane Eyre é uma obra-prima de Charlotte Brontë, que abriu caminho para outras escritoras e revolucionou o fazer literário ao criar uma protagonista com anseios, reflexões e atitudes incomuns para seu próprio tempo (resumo da Amazon).
Apesar de longo, o livro tem 600 páginas, é uma história que me cativou imediatamente. Uma mulher que consegue criar um personagem feminino que tem tanta força de vontade, e mais que isso, uma vontade de conhecimento.
O livro traz em alguns momentos, questões das vestimentas de Jane, que por ser orfã, não tinha dinheiro para roupas mais chiques. É incrível como a descrição de Jane, que se acha feia e sem graça, é importante, para criar uma relação com a inteligência e perspicácia que a personagem traz. E portanto, suas vestimentas também serão assim, sem graça, mas ah! o que atrai o patrão de Jane a ela, é exatamente a sua mente. Mesmo quando vão se casar, ele tenta comprar roupas mais sofisticadas e joias para ela, e ela não quer usar aquilo. Quando foge, não leva nada. Mas, voltando às roupas dela, sempre são simples, de cores neutras, com uma certa formalidade. E ela fala que não quer ser percebida por vestes pomposas. Assim, vemos o que Jane deseja comunicar: simplicidade e formalidade.
Ela não quer aparecer, mas também não quer ser anulada.
A Mari leu no Kindle Unlimited, mas tem pra compra normal também.
Série: Slow Horses - Apple TV+
Está na 3ª temporada.
Com Gary Oldman, Jack Loaden, Kristin Scott Thomas, Rosalind Eleazar, Olivia Cooke.
Em Slow Horses, somos apresentados ao departamento de despejo do MI5 (Serviço de Inteligência Britânica) chamado Slough House. O setor é liderado pelo brilhante Jackson Lamb (Gary Oldman), um chefe de gênio forte. Lamb é responsável por comandar os agentes que cometeram infrações em serviço e precisam encerrar suas carreiras no departamento menos prestigiado da instituição para que não causem mais problemas. Porém, ao juntar tantos desajustados em um mesmo lugar, é natural que as coisas não saiam completamente como o esperado. Jackson acredita que, apesar de todos estarem ali por um motivo, nenhum deles foi treinado para cuidar da parte burocrática. A partir disso, ele e sua equipe encontram meios para voltarem à atividade e viverem um pouco da ação do serviço de espionagem novamente, trabalhando diversas horas ao longo da madrugada.
Mas aqui a gente fala também sobre o vestir, sempre dá para pegar um personagem e falar: ei, olha o que ele usa, como ele usa! E é aqui que queremos chegar.
Ali no resumo, fala do Jackson Lamb, que o ator Gary Oldman (que a Mari ama!) interpreta, fala que ele é brilhante, fala que ele tem gênio forte, mas como você imaginaria o J. Lamb? Como a foto ali de cima (que nem tá ruim)? Ou como essas aqui abaixo?
A gente pode reparar que Lamb é bem relapso no vestir, e sim, uma das primeiras cenas é ele dormindo no trabalho, roncando, sempre com as meias furadas.
Você pode ver que ele tem sempre a mesma gravata, e ela nunca está no "lugar". Fica meio solta, meio bagunçada, o look todo é meio "amassado" e sujo. Os cabelos sempre passam a sensação de estar sujos! Eu quando vi ele pensei numa palavra em inglês que descreve bem: greasy ( ou seja, gorduroso), até porque aparece ele comendo de uma forma bem nojenta na série.
E assim é feita a construção de um personagem. Ou seja, muito, muito mesmo, vem do vestir. Porque o vestir dele contradiz o lado inteligente e talvez até o de gênio forte como fala no resumo da série. Mas querem que a gente tenha meio nojinho dessa pessoa, que ache que ela não é tão legal assim (o mocinho é outro ator), e Lamb tem um caráter meio ambíguo na série.
Você acreditaria que ele é o chefe de um monte de gente? Pois é.
Quem te viu, quem te vê Gary Oldman: Olha a pessoa aqui no Drácula de Bram Stoker: Corte/caimento da roupa perfeito, cabelo arrumado, bigode feito…
Vestir e saber seu estilo são coisas que deveriam ser intrínsecas, e que precisam de muita prática, mas vale cada passo, cada caminho pra chegar ali, e se descobrir.
Beijos,
Fla e Mari
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Hoje demos aqui uma palhinha de como é a assinatura paga, ela conta com recomendações de livro e filme/documentário/série sobre o assunto da news e também as sugestões de peças avaliadas por nós.
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